Volta e meia, estilistas procuram em décadas passada inspiração para criar a moda do momento; ultimamente muitos deles têm, reiteradamente, se referido aos anos 1970. Época de muitas cores, muitos excessos e grandes liberdades no mundo todo, mas de muita agitação no Brasil por conta da ditadura militar e da censura que nos afligia e reprimia.
Pois foi justamente neste ambiente abafado e, portanto, explosivo que surgiu em 1972 um grupo de dançarinos, encarnando tudo o que podia haver de mais libertário no comportamento sexual, artístico e político da época, desafiando as autoridades com humor, deboche e alegria. Lembrar que até então as mulheres e o mundo gay eram extremamente reprimidos em seu comportamento, no modo de se vestir e especialmente em tudo o que se referia a sexo.
Por isso é uma delícia ver o documentário Dzi Croquettes, feito pela filha de um dos técnicos que acompanhavam o show dos rapazes pelo mundo afora, dirigidos pelo coreógrafo e bailarino de origem norte-americana Lennie Dale. Eles não foram só ótimos bailarinos; foram os porta-bandeira de uma necessidade de gays e de jovens mulheres da época de ter sua sexualidade e liberdade reconhecidas e aceitas.
Acho que foi a primeira manifestação comportamental do “Yes, we can” que aconteceu por aqui. Quem quiser saber como foi que chegamos hoje a uma certa igualdade entre os sexos e a uma aceitação mais ou menos tranquila das diversas escolhas sexuais, vá ver o filme e se deleitar com o charme, a graça e os ótimos números de dança e música com que eles nos encantavam na época
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